MATÉRIAS

quarta-feira, 31 de março de 2010

EU SOU O DIRETOR!

Quando você faz sua produção, edita, finaliza e entrega para o cliente, ele não reclama ou não pede pra mudar nada?

Se você não tem esse problema, me passe a receita agora! Se você tem, é mais um no time dos produtores de vídeos insatisfeitos.


MUITOS ALMEJAM SENTAR NESSA CADEIRA POIS OS HOLOFOTES FICAM SOBRE ELE

Com a gravação de vídeo banalizada em todos os aspectos, quer seja por um celular, uma câmera fotográfica ou uma handycam e a facilidade de apresentar seu filme ao mundo todo, lê-se Youtube, qualquer um se dá ao direito de se algo proclamar "Diretor de Cinema". Com a invasão literal de estagiários da faculdade de comunicação nas empresas, a coisa piora. Acham-se sempre acima do profissional contratado para produzir um filme.

FAZENDO A DIREÇÃO DE UM DOC PARA UM ARTISTA PLÁSTICO

Perco as contas das vezes que faço uma visita técnica a uma empresa, participo de reunião, nosso diretor de cena traça todo roteiro junto com o cliente, as captações são feitas e aí aparecem os benditos (ou malditos) diretores. Eles vem em legião. Sentam em frente a primeira prova do filme e saem distribuindo pitaco. Não gostaram da fonte, a panorâmica poderia ter sido feita na posição contrária a que você fez, e chegam ao ridículo de quererem palpitar até no enquadramento, pedindo umas posições que nem no cinema moderno de hoje eu ainda vi.

Pior quando o tal estagiário tem a carta branca do chefe pra fazer do jeito que ele quer. Como o provérbio "manda quem pode, obedece quem tem juízo" faz parte de nossa cartilha, lá vamos nós direcionando toda produção ao talzinho que caiu de paraquedas. Produção finalizada, DVD queimado, lá vai o Spielberg indo pra empresa mostrar pro chefe. Aí começam os aborrecimentos: "Não foi isso que pedi, que título grotesco, aquela imagem tá errada, essa música tá ridícula..." e o pior é que o tal diretor de cinema não diz pro chefe dele que tudo foi conduzido por ele próprio. A contra-gosto nosso. Afinal o expertise é nosso.

E lá volta o tal filme para receber uma, duas, três, quatro, cinco e até seis reedições. Se você perguntar porque não cobramos a reedição a resposta é fácil, tá na ponta da lingua. A maioria das empresas trabalham com orçamento aprovado num valor fechado. Quando se cobra a reedição, ou deduramos o tal estagiário, o mal estar é tão grande que o melhor é disfarçadamente deixar pra lá. Afinal você quer voltar a atender essa empresa. Cobrar antecipadamente mais caro? Até que pode, mas com a concorrência acirrada das produtoras e cinegreafistas de plantão, perde-se um orçamento por míseros reais.

O que tenho percebido hoje é que nem estrutura, equipamento, pessoal treinado tem pesado a nosso favor. Já peguei trabalho pelo preço baratinho do concorrente por que se não fizesse isso, ficava a ver navios. Meu concorrente tinha o estúdio no quarto de casa, uma câmera de 2 contos, um PC que recebeu um up-grade para virar ilha e pegava a nota fiscal emprestada com o amigo fotógrafo. Ossos do ofício.

Tenho um conhecido do ramo que ficou bradando a todos os cantos que fechou uma mega produção de mais de cem mil reais com uma multinacional. Contratou atores, apresentador, diretor de cena, maquiador, alugou estúdio para gravação de chromakey, viajou para a cidade da empresa e ficou uma semana na produção. Início de edição, roteiro aprovadíssimo, fecham o filme. O filme volta porque o supervisor não gostou de uma cena. Volta, conserta, entrega. O filme volta porque o gerente não gostou de outra cena. Volta, conserta, entrega. O filme volta porque o diretor não gostou da fonte usada. Volta, conserta, entrega. O filme volta porque o inspetor de segurança disse que o procedimento foi gravado errado. Mais de quinze alterações, lá se vai o primeiro ano e o filme nunca é aprovado e muito menos pago. A multinacional tem mais de 150 mil empregados espalhados pelo Brasil e pelo mundo. E apenas uns vinte gatos pingados que assistiram até agora.....

Já a nível de filmes, doc's, curtas e afins, toda a situação muda. Ali quem manda é o diretor. E ponto final. Neste caso não temos o cliente direto como beneficiário do produto final. Essa hierarquia é sempre obedecida onde a arte em si predomina na execução de uma produção. É o caso de um doc em que dirigi para um artista plástico de renome aqui de meu estado. Havia toda uma roteirização e o foco do filme era a obra e seu autor. O nosso protagonista, no caso o artista plástico em questão, seguia cegamente as ordens do diretor de cena. Manda quem pode, obedece quem tem juízo!

Mas voltando o nosso assunto na produção comercial em si, a acessibilidade de equipamentos, softwares cada vez mais domésticos, abundância de filmes, diversidades de canais de TV produzem de dois a três diretores de cinema por residência, senão mais, e nós, simples produtores de video, com conhecimento, cursos e donos da cocada preta somos reduzidos a ínfimos apertadores de botão.

Sob minha direção: Vídeo que apresenta tecnica de afamado artista capixaba.


TODOS OS TEXTOS E FOTOS SÃO DE AUTORIA DE KEKO SINCLAIR (COM EXCESSÃO DOS QUE MENCIONAM A FONTE). VOCÊ PODE USAR PARTES OU UM TODO DO ASSUNTO CONTANTO QUE CITE O NOME DO AUTOR E DO SITE.
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