MATÉRIAS

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

LEITOR DE GPS PARA SONY NX5



Recebemos uma encomenda desafiadora de um grande cliente: Gravar um longo trabalho de inspeção em que as imagens, filmadas ou fotografadas, pudessem ter em seu conteúdo as informações do posicionamento global do local. Ou GPS.


E assim topamos o desafio. Foram 3 dias literalmente viajando e mapeando tudo.
Ao chegar na produtora para disponibilizar o material ao cliente, percebemos que a disponibilidade de localização pelas imagens não era algo fácil. Foram horas de pesquisa na internet. Visitas em sites japoneses, russos, americanos, NASA, etc. Nenhuma dica ou solução encontrada em lugar nenhum.


Então começamos a montar nossa própria solução. Afinal o trabalho já estava vendido e executado.


Na Sony NX5 você deve deixar ativada a chave do GPS
Começamos por fixar nossa câmera, uma Sony NXCAM NX5 no para-brisas do veículo. Para facilitar a visualização foi instalado um DVD de teto onde as imagens geradas eram transmitidas online para monitoramento da equipe de técnicos e engenheiros.
A NX5 possui um posicionador global que vem a calhar. Basta ligar a chave que as informações de GPS da câmera se anexam junto com cada imagem gravada. E foram gerados 35 arquivos MTS que encheram 13 DVDs.
Para facilitar a compreensão dos dados e visualização dos vídeos para nosso cliente, conseguimos um programa chamado ExifTool, que gera as informações gerais do arquivo gravado, desde o GPS até dados da própria camera, como modelo, foco, íris, shutter, hora, dia, etc.


Como a intenção de nosso Blog é disseminar conhecimento, segue o "Caminho das Pedras" para quem quiser  oferecer um trabalho diferenciado que precise do posicionamento global das imagens.


O cliente queria o posicionamento correto desta posição. Oferecemos a informação exata.
Programa
ExifTool (-k) que você poderá baixar aqui , na sessão DOWNLOAD na coluna central  do Blog.
Coloque o programa na área de trabalho de seu computador.


Como usar
Arraste o arquivo de vídeo ou foto sobre o ícone do programa.

Irá abrir uma janela em DOS com todos os dados da câmera e o posicionamento global (GPS) da imagem.
Obs.: Este programa não se instala no seu computador. É apenas um executável instantâneo de imagens. No quadro abaixo você poderá ver todas as informações da câmera além do GPS.



Na janela DOS que irá se abrir a partir do programa EXITOOL, procure as seguintes informações de posicionamento global (GPS) que estão marcadas em vermelho:
  
Exemplo da informação do GPS:
GPS Latitude.............19 deg 30' 22.02" S
GPS Longitude............40 deg 57' 35.77" W 


Reescreva no seguinte formato:
19 30 22.02 s 40 57 35.77 w
Copie e cole no Google Earth ou Google Maps.



As informações sobre GPS estão marcadas em vermelho.
Usando o Google Busca, Maps ou Earth

Abra o Google Busca, Earth ou Maps e cole a latitude e longitude reescrita na aba de busca do Maps e "Procurar Empresas" do Earth (neste caso só ali vai funcionar).
Clique em buscar. O Globo irá se deslocar e mostrar o local onde as imagens foram feitas e o Maps mostrará no mapa o local exato da captação.


Localização exata no Google Earth

Posicionamento da camera com pesquisa via Google Maps
Você consegue uma visualização rápida através da busca padrão do Google.

A Sony pensou neste recurso que é apropriado para trabalhos executados em engenharia industrial, imagens submarinas ou plataformas e ainda em viagens, onde é importante a informação de localização das imagens geradas.


E para faturar alguns trocados a mais, passo a bola para você, que com criatividade poderá pensar em abrir novas frentes de trabalho com esta super dica de nosso Blog.


Já dizia a grande escritora goiana Cora Coralina:
"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina". 
É por isso eu sou feliz. Prazer em aprender, ensinar e escrever.
...


domingo, 21 de agosto de 2011

DESAFIOS DA FILMAGEM SUBAQUÁTICA

Esta matéria não é minha. Tive a honra de conhecer em um dos cursos de vídeo que ministro, Rodrigo Lopes, biólogo marinho e especialista em imagens subaquáticas. Um expert no assunto que escreveu exclusivamente para meu blog. Vale a leitura de cada palavra!





Nosso planeta tem o nome errado.
Nossos ancestrais o chamaram de Terra devido ao solo que descobriram a sua volta. A Terra é, na verdade, o planeta da água. Não existe outro igual no sistema solar. Os oceanos da Terra são um fenômeno único na família de planetas conhecidos. Na verdade, é extraordinário o simples fato de existirem.
Esse grandioso fenômeno criou um fascínio no homem, a vontade de desvendar seus mistérios que por sua vez são incalculáveis. Mas, além desses mistérios e de muitos outros que por certo surgirão, nada pode, em verdade, comparar-se à variedade e ao interesse do fenômeno da vida no seio do mar. Ninguém pode fazer um cálculo do número de seres vivos que ali se encontram. Pode-se esperar quase tudo do mar.
Por esses motivos o homem tem o antigo desejo de registras em imagens as paisagens submarinas e seres marinhos.

Filmagem Submarina
A filmagem submarina ganhou expressão na década de 1960, quando surgiram equipamentos mais acessíveis aos mergulhadores. Despontaram então nomes importantes na cinegrafia subaquática, entre eles Jacques Cousteau, que divulgou como ninguém o fascínio do mundo marinho. Eu mesmo cresci assistindo as aventuras de Jacques Cousteau e quanto mais assistia mais vontade eu tinha de me tornar um especialista em imagens subaquáticas.
Jacques Cousteau - Pioneiro nas filmagens submarinas
Vamos lá! Antes de você ser um bom cinegrafista subaquático, em primeiríssimo lugar você dever ser um excelente mergulhador. Por quê? Bom, primeiramente o fundo das águas não é nosso ambiente e, por isso devemos usar equipamentos que nos possibilitam tal façanha.
Mas mergulhar não é simplesmente se equipar e ir para o fundo das águas. Como havia dito, o meio aquático não é nosso ambiente, principalmente quando queremos explorar ambientes de grande profundidade e, quanto mais profundo, mais complexo se torna o mergulho. Se o cinegrafista não souber lidar com essas complexidades, isso o levará à morte.
Não basta ser um bom operador de câmera. Lá, no fundo do mar, é preciso saber monitorar seu mergulho através de computadores, manômetros e bússola. Eles indicarão até onde você pode ir, quando é à hora de voltar e por onde voltar. 

Computador de mergulho e manômetro de pressão do cilindro e profundímetro
Eu mesmo já presenciei um mergulhador que cometeu um erro grave ao registrar seu mergulho com uma pequena Sony P200 em mãos. Ele esqueceu o principal, o monitoramento dos instrumentos de mergulho.
Resultado, ele já estava há 16 metros de profundidade e sem ar suficiente para voltar à superfície. E, ele só se deu conta disso porque outro mergulhador observou tal atitude e viu que o mergulhador estava quase sem ar. Ele conseguiu chegar à superfície? Sim, ele conseguiu graças ao outro mergulhador que dividiu seu ar para que os dois chegassem bem até a superfície. Mas imaginem se fosse um local mais profundo. Há 16 metros de profundidade uma pessoa tem boas chances de chegar à superfície sem maiores danos.

Técnicas
Mergulhos a partir de 18 metros já são considerados como mergulho profundo e requerem uma total atenção nos instrumentos de mergulho além de treinamento específico. Realmente é algo complexo trabalhar com uma câmera subaquática e monitorar o mergulho, mas é extremamente importante. Eu mesmo, nos meus trabalhos, que na maioria das vezes são de 30 a 40 metros de profundidade, sempre levo comigo além da câmera, uma dupla de mergulho, ou seja, um mergulhador qualificado e experiente para fazer toda navegação subaquática e segurança do mergulho. Mas isso não me isenta de monitorar os instrumentos de mergulho. Só vai me deixar mais a vontade para operar minha câmera.


Mergulhador em dupla para navegação e apoio subaquático


Uma técnica que é muito importante para quem trabalha com imagens subaquáticas é o controle de flutuabilidade.
A flutuabilidade é importante tanto para o mergulho em si quanto para a captura de imagens. Qualquer esbarrão de umas das nadadeiras no assoalho marinho é suficiente para levantar suspensão e estragar aquela cena que estava na sua mente e bem ali sua frente.
Mas o controle de flutuabilidade tem mais uma importância, que para eu que sou biólogo marinho é a principal: proteger a vida marinha. No assoalho marinho vivem seres magníficos e muito frágeis, qualquer pisada ou até mesmo um esbarrão de nadadeiras podem matar ou mutilar centenas de organismos marinhos. 
Então para quem quer se aventurar nesse mundo maravilhoso e repleto de vida terá que adquirir treinamento especializado em mergulho autônomo antes de mergulhar na filmagem subaquática. 
Coral zoantídeo e octocoral     

Como a luz se comporta debaixo d’água.
Precisamos entender como ela se comporta embaixo da água. Isso nos faz pensar em soluções que vão evitar uma imagem monocromática.
A água é pelo menos 1000 vezes menos transparente que o ar. As diversas cores que compõem o espectro são absorvidas separadamente à medida que a profundidade aumenta.  A luz que penetra na água é parcialmente absorvida para ser transformada em calor.
Assim, a intensidade de luz diminui rapidamente conforme acontece à absorção da luz, com redução muito mais acentuada na cor vermelha do espectro. A cor vermelha quase não existe a partir dos cinco metros de profundidade e, abaixo dos vinte metros prevalece o azul em tons mais claros ou escuros.
A imagem a seguir ilustra os caminhos e desvios que ocorrem com a luz antes de atingir o objeto a ser filmado. 

Fenômenos que ocorrem com a luz ao atingir a superfície da água
O uso de filtros especiais (vermelho e verde) ajuda entre os seis e os vinte metros. Fora dessa faixa o resultado não é satisfatório e para restabelecer as cores faz-se necessário o uso de iluminação artificial.


Uso de filtro vermelho ajuda a recuperar as cores naturais dos objetos
Equipamentos
Bom, eu já falei do grandioso fenômeno que é o mar, falei de algumas técnicas de mergulho autônomo e também falei um pouco do comportamento da luz embaixo d’água.  Vamos falar agora da parte mais legal e mais cara da filmagem subaquática: os equipamentos.

Não vou entrar em detalhes com a câmera em si. Existe no mercado um oceano de câmeras e cada cinegrafista tem sua opção em relação a marcas e modelos.

Filmadoras Sony, DSLR 5D MK II e filmadora Red One

O equipamento deve ser compatível com a experiência, necessidade e orçamento de cada profissional. Mas não se preocupem porque para cada câmera existem equipamentos estanques não importando a marca, tipo ou modelo.
Muitos cinegrafistas subaquáticos deixaram suas câmeras filmadoras para utilizarem câmeras DSLR (Digital Singler Lens Reflex) que produzem imagens impressionantes. Eu mesmo utilizo uma câmera DSLR Canon Eos 7D com caixa estanque Sea&Sea para realizar meus trabalhos. Além de ser uma DSLR de ponta, ela me oferece captura de vídeo em Full HD. Outra vantagem é a possibilidade de troca de lentes, para cada tipo de filmagem eu uso uma lente específica que irá produzir efeitos fantásticos. Hoje em dia virou febre no mundo inteiro filmar com DSLR.

Câmera DSLR Canon Eos 7D com caixa estanque Sea&Sea
O principal equipamento para filmagem subaquática é caixa estanque ou housing. Várias considerações devem ser feitas quando se escolhe uma caixa estanque. Ela deve lhe oferecer no mínimo os recursos básicos de sua câmera. A caixa estanque é o equipamento de imagem subaquática mais caro que os demais.

Caixa estanque da marca Gates para câmera filmadora compacta.
No mercado existem muitas marcas que oferecem caixas estanques para diversos modelos da Sony, Canon e Panasonic. As marcas mais conhecidas são: Gates, Light and Motion, Amphibico, Aquatica, Equinox e Ikelite.   Para quem produz vídeo com câmera DSLR, às marcas de caixa estanque são:  Sea&Sea, Aquatica, Subal e Ikelite.
Há dois tipos de caixas estanques: as mecânicas e as eletrônicas. As mecânicas são mais robustas e os comandos são diretamente entre o corpo da caixa e a câmera. Muitos cinegrafistas subaquáticos preferem as mecânicas por serem mais resistentes e não oferecem o risco de defeito eletrônico ou falta de bateria justamente no meio de um mergulho ou na hora que um peixe raro aparece na frente da câmera.

Controles mecânicos da caixa Gates.
As caixas eletrônicas são bastante confiáveis e muito fáceis de operar. As caixas Light and Motion e Amphico são exemplos de caixas estanques eletrônicas. São amplamente usadas por profissionais do mundo todo.



Sistema eletrônico da caixa Light & Motion
Já existem fabricantes brasileiros produzindo caixas por um preço bastante acessível, muito abaixo dos valores praticados pelas marcas supracitadas. Quem optar por uma marca nacional, recomendo a Chroma.
A empresa oferece caixas para vários modelos de câmeras além produzir por encomenda, acesse o site: www.sealpro.com.br


Caixa estanque nacional da marca Chroma
A câmera e a caixa estanque são apenas a ponta do Iceberg. É preciso também de um bom sistema de iluminação, braços articulados, port’s para lentes, caso pretenda fazer vídeos com qualidade.  
O sistema de iluminação pode ser de LED ou HID (High Intensity Discharge).  O Kit LED é mais barato e mais resistente, porém, a penetração na água é menor do que o sistema HID.
Iluminação LED fisheyLed Fix 1000 e Light & Motion Sola 1200
Iluminação HID com bateria externa
É recomendável o uso de duas cabeças de iluminação, assim podemos trabalhar melhor os pontos a serem iluminados e com um maior afastamento entre a lente e a fonte de luz. Para isso é necessário braços articulados rígidos ou flexíveis. Os rígidos são melhores porque suportam cabeças de iluminação mais pesadas sem que ocorra um deslocamento indesejado da cabeça de iluminação.



Braço rígido articulado e braços flexíveis com iluminação dupla


Agora vamos falar dos Port’s ou porta para lentes. Existem dois tipos: o Domo port e o Flat port.
O Domo port é uma peça convexa de vidro externa à caixa estanque. Esse tipo de port é usado para lentes grandes angulares, pois ele é capaz de corrigir o problema da refração. Na água, o Domo Port atua como uma lente que ao mesmo tempo reduz em tamanho e aproxima a imagem. Isso é vantajoso porque diminui a distância entre a lente e o objeto. Na captura de imagens subaquáticas, quanto menos água tiver entre a lente e o objeto, melhor, principalmente em águas com muita partícula em suspensão.

Domo Port Sea&Sea para imagem grande angular. 
O Flat Port nada mais é do que uma porta plana que causa um aumento nos objetos deixando-os pelo menos 25% mais próximo do que o real. Esse efeito é muito bom para macro filmagens, principalmente quando o seu objeto não permite aproximação.

Flat Port Sea&Sea para imagens macro.
Outros acessórios para filmagem subaquática são o microfone externo, e o tripé subaquático. Muitas caixas possuem o encaixe para microfones externos, dando mais uma opção para deixar o vídeo mais rico. Eu particularmente não uso áudio no meu trabalho, prefiro depois na edição acrescentar um trilha que combine com a imagem. 
Na água o som se propaga muito mais rápido do que no ar. Quando se está debaixo d’água é possível escutar com clareza nossa respiração, bolhas exaladas pelo regulador, o som da aproximação de embarcações entre outros sons. O uso do microfone interno da câmera, não produz um resultado satisfatório.
O som acaba se transformando em ruído devido ao eco produzido pelos espaços vazios da caixa estanque. Para quem quer um áudio de qualidade, vai ter que investir em microfones externos.
Há também a possibilidade de adicionar um monitor externo. Caixas estanques eletrônicas como a Light and Motion e a Amphibico já possuem um monitor LCD na parte posterior da caixa.
Monitor externo da marca Gates.
E por último o tripé, essencial para filmagens de cenas estáticas. Muito usado em macro filmagens. A maioria das caixas estanques possui pontos para fixação de tripé, assim facilitando o trabalho de macro filmagem. Podem-se usar tripés desses usados em terra ou até mesmo tripés fabricados aí na sua casa, basta usar sua imaginação e adaptar a sua necessidade.
Tripé subaquático da marca Gates.
O autor
Bom, eu deixei aqui resumidamente um pouco do meu conhecimento e da minha experiência. Espero que tenham gostado desse maravilhoso mundo das imagens subaquáticas.
No vídeo postado abaixo, vocês podem observar um pouco de tudo que falei até agora, as técnicas de mergulho, o cuidado com a biota aquática, o equipamento completo, as dificuldades de se trabalhar em um ambiente com pouca luz, muita partícula em suspensão e muita corrente marinha. Observem que não consegui estabilizar minha câmera e muito menos abrir os braços da câmera para afastar a iluminação da lente.
O outro vídeo mostra imagens captadas em meus trabalhos de pesquisa marinha.
Quaisquer dúvidas podem entrar em contato.
Abraço a todos.
Rodrigo Lopes.

Rodrigo Lopes é biólogo marinho especialista em imagens subaquáticas. Mergulhador autônomo certificado pela PADI (Professional Association of Diving Instructors) e possui diversas especialidades em mergulho, entre elas Advanced Digital Underwater Photographer e Underwater Digital Videographer.





sexta-feira, 5 de agosto de 2011

TRAVAMENTO DE FITA MINIDV EM FILMADORAS

Flat Cable - Sua quebra provoca a não abertura do compartimento de fita
Usuários de filmadoras Sony que possuem compartimento de fita MiniDV, tais como Z5, Z7, HD1000 e ainda as mais antigas como PD150 e PD170, são surpreendidos com a não abertura da portinha para retirada da fita. O pior é quando isso acontece no meio de um evento. O cinegrafista fica rendido.
Este problema é causado pela quebra do Flex Cable que faz o comando de abertura do compartimento.  Um erro de projeto da Sony? Quem sou eu para julgar. Mas a causa da quebra é muito obvia.


O Flex Cable de todos os modelos Sony passa exatamente na estrutura metálica móvel do compartimento. Por ser um cabo fino, ele é fixado de forma que fica escondido da estrutura. E é exatamente por ficar neste local que a cada abertura para colocação ou retirada de fita, o cabo recebe uma leve pressão, que com o passar do tempo, acaba se rompendo e deixando o profissional "na podre".


Solução simples
Fiz um pequeno vídeo mostrando a forma ideal de ejetar a fita sem comprometer o cabo e, consequentemente, não gerar prejuízo para o cinegrafista. O conserto varia de R$ 600 a R$ 1.200. Agora você não vai mais gastar isso.


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

ESTRATÉGIAS DE PREÇOS PARA FOTO E FILMAGEM



Sempre fui um apaixonado por conhecimento contínuo, em todas as áreas. Apesar de ter sonhado um dia ser um arquiteto, acabei mesmo arquitetando minha profissão na área de audiovisual. Inspirado por meus dois filhos que fazem Marketing e Publicidade/Propaganda, devoro os livros de pesquisa de ambos por puro prazer. O último livro que li, e que recomendo a todos os fotógrafos e cinegrafistas que sonham em buscar algo novo, chama-se “Estratégia do Oceano Azul”, de W Chan Kim e Renne Mauborgne. Custa R$ 50,00 e é uma grande aula sobre como fugir da concorrência e da mesmice.  Compre!

Nesta postagem, não estarei dando fórmulas mágicas de A+B=C. Nem tenho esta pretenção. A intenção é lhe provocar a avaliar seu negócio, repensar seus processos e fazer com que você escolha a melhor estratégia de preços para o seu trabalho. Simplificando: vamos profissionalizar nosso mercado tão promíscuo e sem regras.

O preço de seu trabalho é determinante na sobrevivência  de seu negócio. Seu cliente, ao assinar um contrato com sua produtora, espera que o objeto do contrato, a filmagem, possa satisfazer seus desejos e necessidades.  Se seu produto é melhor que o da concorrência, é possivel ter um valor agregado acima da média de mercado. Mas quem determina se seu produto, ou trabalho, é melhor que o dos outros, não é só voce, mas sim o mercado a sua volta. Por mais que você se ache “o cara”. Porque mais do que “se achar”, seu cliente tem que achar você (Leia: http://kekosinclair.blogspot.com/2011/07/como-divulgar-o-seu-negocio-custo-zero.html).





Todo o tipo de negócio, uma mercearia, um petshop, um marceneiro, e no nosso caso, a filmagem ou fotografia, tem suas razões pessoais para definir seus preços. Cada profissional que presta seus serviços sabe que terá custos para executar seu trabalho. E seu negócio só irá sobreviver se seu preço final tiver cobrindo seus custos, e der lucro.

Antes de definir quanto cobrar por seus serviços, é importante descobrir quanto vale o trabalho da concorrência e o que eles oferecem de diferente do seu.  Casais que estão contratando buffets, decoração, fotógrafos e cinegrafistas, pesquisam primeiramente os preços praticados pelo mercado para saberem a média de valor de determinado serviço.  São sensíveis a indicação de profissionais por pessoas de seu círculo de amizades. E depois saem para conferir pessoalmente o que eles desejam comprar.  Todo fotógrafo e cinegrafista deve ter em mente que não estão vendendo um produto de consumo, como um sapato, um vestido,  um relógio, etc. Estão vendendo um serviço que, atrelado a tecnologia, investimento em equipamentos, instalações,  estão agregando o dom pessoal de si mesmos que valorizará o resultado final. E este dom que é difícil de mensurar. Sabemos que, se formos cobrar nosso preço de custo, do que realmente gastamos na execução do trabalho, será de deslocamento (carro e combustível), terceirização de algumas etapas (montagem de álbuns/edição de vídeo) e mais alguns pontos relevantes. Tirando o investimento de equipamentos, o trabalho deveria ser barato.
Por isso nossa referência principal do que vendemos ao nosso cliente chama-se DISPONIBILIDADE DE TEMPO. Eu, você, nós,  somos vendedores de tempo!

Preços baixos x preços altos
E o que faz fotógrafos e cinegrafistas A ou B terem seus preços tão diferentes, já que o tempo é igual para todos? Simplesmente agregamos valores ao nosso tempo. Uma hora do tempo de um profissional com uma Sony PMW EX3, microfone de lapela Seinheisser, uma apresentação pessoal impecável e um alto conhecimento técnico e criativo irá valer mais do que o mesmo tempo de outro profissional com uma Sony HD1000 (me perdoem seus usuários), microfone com fio, traje razoável e conhecimento técnico médio. Sem falar que a criatividade é mediana. Um “copiador”. O tempo de qual dos dois vai valer mais?  Este é nosso grande desafio. O tempo é igual para todos. O que devemos é agregar mais conhecimento, tecnicas, tecnologia, resultados diferenciados e produto final “encantador”. Que faz o cliente dizer: “Eu quero este trabalho para mim”.



 Outra diretriz que deve-se ter em mente é a determinação da demanda. Quanto maior o preço de seu trabalho, menor é a sua demanda. Mas há exceções. Você poderá ter um preço alto e demanda se estiver sozinho no mercado, sua região ter alto poder aquisitivo onde preço não é problema,  ou você ter a pirâmide do sucesso estampada na testa:  Qualidade + Prestígio + Status = Venda imediata. São poucos que detém esta marca. Um exemplo clássico e atual do possuidor desta pirâmide chama-se Steve Jobs. Seus produtos tem qualidade, transmitem prestígio e status. A venda é imediata.Todos desejamos algum produto dele. Mesmo caros, fazemos o que puder para comprar. E ninguém pechincha ou pede desconto. Simplesmente paga o preço.


Steve Jobs - Detentor da marca mais desejada do mundo.

Mergulhando em estratégias
Vamos entrar na seara de um grande Marketeiro. Usando como referência a qualidade e o preço do produto, Marcos Cobra, baseado em pesquisa de Philip Kotler, apresenta algumas estratégias de elaboração de preços que você pode adotar. São elas:

Estratégia Premium - Produtos e serviços de alta qualidade. Pratica-se um preço alto, visando atingir clientes de alto poder aquisitivo. Deve-se ter fôlego financeiro para se manter até se consolidar no mercado.

Estratégia de Penetração - Produtos e serviços de alta qualidade. Pratica-se um preço médio com o objetivo de obter uma rápida penetração de mercado.

Estratégia de Superbarganha - Produtos e serviços de alta qualidade a um preço baixo. Haverá uma rápida introdução de seu trabalho no mercado.  Esta estratégia, se for implementada, deve ser bem planejada, já que requer equipe criativa trabalhando com baixos salários.

Estratégia de Preço Alto - Produtos e serviços de qualidade média/alta e preço alto. É uma estratégia que valoriza o produto, visando lucratividade a curto prazo. Pode-se ter uma baixa demanda.

Estratégia de Qualidade Média ou Comum - Preço compatível com a qualidade do produto, objetivando uma participação aceitável do mercado. É o que a maioria escolhe.

Estratégia de Barganha - Produtos e serviços de qualidade média a um preço baixo. Uma forma de invadir o mercado e concorrer com tudo e com todos.

Estratégia de Preços Baixos - Preço baixo e baixa qualidade de Produtos e serviços. Busca-se apenas trabalhar em quantidade. Comum com fotógrafos e cinegrafistas iniciantes ou equipes grandes que invadem o mercado com vários freelancers, abocanhando completamente o mercado. Nestes casos a reclamação pelso serviços prestado é grande por parte dos clientes.

Formas de pagamento
Em qualquer definição da composição de preços, não seja radical. Facilite a vida de seu cliente. Depois de definido o seu valor, dê opções de formas de pagamento para ele. Em uma ou mais parcelas. Sempre lembrando que por mais prestígio que você tenha, lidamos com emoções. Um cliente sensível emocionalmente na realização de seu evento, estará mais apto a gastar e a honrar compromissos. Após isso, a sensibilidade e os interesses diminuem, o que pode gerar problemas de pagamento. Neste caso eu faço da seguinte forma. Como fecho meus eventos com 8 a 12 meses de antecedência, tenho valores a vista e com opções de pagamento em até 6 vezes. Trabalho exclusivamente com cheque pré-datado e o  contrato somente é oficializado com o pagamento de uma entrada.  A parcela final sempre fica para 30 dias após a data do evento.  Mesmo que seja pra lá de um ano! E as parcelas intermediárias ficam a critério do cliente ajustar as datas.  Desta forma fujo da dispersão emocional do cliente e recebo tudo antes da entrega do trabalho. E sempre tenho cheques a serem depositados todo mês, mesmo que não tenha evento naquele período. Lembrando que adquirí estas condições através de muito trabalho, ter empresa fixada no mesmo endereço por mais de 15 anos e ser indicado por mais de 80% das cerimonialistas que atuam no mercado que faço parte. Isso se traduz em confiança.

Olhe ao seu derredor
Fique alerta a tudo o que acontece em sua volta. O que seus concorrentes estão fazendo, diferenciais, preços, tecnologia investida, e por aí vai. Ficar preso ao seu mundo interior e a mercados distantes do seu embassará sua visão de negócio e colocará suas produções em cheque. Quem sabe todos a sua volta evoluiram e você ficou para trás, e cobrando caro demais. E acaba percebendo que está na lanterna muito tempo depois. Reaja sempre, proativamente.

Influências na determinação de preços – Internas/controláveis
- Calcule o retorno sobre todo seu investimento.
- Adeque seus gastos ao fluxo de caixa. Não gaste mais do que seu faturamento.
- Avalie o seu dom e o da sua empresa para o negócio.

Influências na determinação de preços – Externas/incontroláveis
- Você terá que mexer no seu preço devido a concorrência.
- Mercado desvalorizado. Cliente não valoriza a qualidade.
- Você está mal posicionado geograficamente.

Estimativa de custo
Como você deve chegar ao seu custo de serviço? Comece de cima para baixo. Primeiro decida quanto será o valor de sua filmagem ou fotografia (explorando as formas que citei acima – através da concorrência, seu dom, etc). Depois deduza seu lucro desejado. A sobra será dividida entre os diversos itens que compõe seu custo global.

Vamos a um pequeno exemplo.
Suponha que você defina o valor de uma filmagem de casamento em R$ 2.000,00. Seus concorrêntes variam de R$ 800,00 a R$ 4.000,00. Levando em conta que você paga aluguel de sua produtora (R$ 600,00), ela está localizada em bairro comercial, tem 2 funcionários (salário de R$ 800,00), usa câmeras no preço médio de R$ 4.000,00, possui veículo mediano (Pálio 2005), fica disponível entre 6 a 8 horas para cobrir o evento, edita de forma padrão e entrega 2 DVDs editados. Consegue fazer 4 trabalhos por mês. E chega a conclusão que seu produto atende aos anseios dos clientes, não sendo algo tão básico, porém nada de super-produção.

Valor da Filmagem                   R$ 2.000,00  Quanto o cliente vai pagar.
Lucro Definido                          R$ 1.000,00   Lucro líquido.
Rateio despesas de
Salários, aluguel, etc                R$ 625,00     Valor que será separado para quitar despesas de fim de mes.
Saldo para investimento                                      
Cameras, manutenção,
Frelancer, etc                           R$ 375,00     Valor para ser investido em novos equipamentos, pagamentos
                                                                   de freelas, compra insumos, etc.

Lembre-se. Para cada caso há um caso. Estude o seu, pesquise, calcule, teste as inúmeras possibilidades, personalize. O importante é você definir seus valores finais em parâmetros mensuráveis e controláveis. Nada de “chutômetros” e amadorismo. Seja sempre profissional, mesmo nos mínimos detalhes.

Sucesso!

Referências:
Marketing Básico: uma abordagem brasileira.
Princípios de Marketing.
Administração de Pequenas Empresas.


● Quem está aqui agora

● Estamos chegando a 2 milhões de acessos!

Twitter Facebook Digg Stumbleupon Favorites More

 
Design by Free WordPress Themes | Bloggerized by Lasantha - Premium Blogger Themes | Download from Blog Template