MATÉRIAS

domingo, 10 de outubro de 2010

DICAS PARA FILMAGEM AÉREA


Tomadas aéreas sempre valorizam, e muito, seu trabalho.
Faço imagens aéreas há mais de 15 anos. Pode parecer até fácil, mas gravar cenas de helicóptero requer experiência, atenção, disciplina e não ter medo algum de altura. Minha primeira gravação apareceu como por acaso. Lembro que uma empresa global acabou com a terceirização da mão de obra no porto e os estivadores, prejudicados com a nova política, partiram para "o tudo ou nada". A equipe de TV que iria cobrir estava toda defasada pelo excesso de externas, então um amigo meu que trabalhou na Globo junto comigo me repassou a empreitada. E lá fui eu voar. O cinto foi enrolado e amarrado a cintura, sentei no assoalho da aeronave, coloquei os pés no estribo e lá fomos nós. Junto comigo acompanhava meu saudoso amigo fotógrafo Flávio, já falecido, que ficou deitado no helicóptero, só com a cabeça e a câmera pro lado de fora. Era eu, ele e o piloto, ninguém mais. O porto parecia cena de guerra: Incêndio por todos os lados, empilhadeiras andando de um lado a outro derrubando escritórios, passando por cima de carros, e o mais incrível: a estiva estava movimentando um guindaste gigante para derrubá-lo ao mar. Sem sucesso!
Tiros foram disparados para cima, helicóptero da polícia passava a centímetros de nossa aeronave e lá estava eu, gravando tudo.

Confesso que depois daqueles 2 dias de voos diretos, e depois de ver as cenas registradas, agradeci a Deus por estar vivo, mais uma vez (já caí de ultraleve num trabalho e só vivi porque caímos no mar!).

Então vamos a umas dicas que serão muito importantes caso você precise fazer um registro aéreo.
Eu dando as instruções ao Cmte. Marcos de como seriam feitas as imagens
10 Dicas para filmagem aérea
01- Primeiramente o piloto deve ser experiente com gravações aéreas. 40% da qualidade final das imagens deve-se a ele. Explicarei mais a frente o porquê.


02- A porta da aeronave deve ser retirada. Isso não é proibido! Pilotos sem experiência dizem que é pois caso aconteça algum acidente a responsabilidade será deles.

03- Se a aeronave for de 4 lugares, sente-se no banco de trás oposto ao do piloto. Assim você estará no campo de visão dele. Coloque o cinto e sente-se de lado no banco com as pernas para fora. Eu gravo em pé, na lateral, com os pés no estribo e apenas encostado no banco. Claro que uso um cinto de 4 pontas. No seu caso, fique de ladinho mesmo.

04- Não esqueça de um cabo para prender a câmera ao seu corpo (isso é obrigatório pelas regras da aviação civil). Retire também partes móveis e que podem se soltar da câmera, tais como espuma de microfone e parassol. A força do vento arranca esses acessórios.


05- Importante: No banco da frente o reflexo do vidro atrapalha. Com porta não rola!
Combine gestuais de movimentos da aeronave com o piloto. Os fones com microfone que normalmente se utilizam não funcionam com a gente. Atrapalham o ajuste da câmera com o rosto além do vento entrar no microfone e só transmitir ruído.


06- Preparado para gravar? câmeras de ombro dão mais estabilidade que as hand held (tipo Z7). Não utilize zoom in/out. A aeronave que deve se aproximar do objeto ou local. É aí que entra a experiência do piloto. No meu caso o Cmte. Marcos que voa comigo é responsável pelo zoom e pelas pan. A câmera deve operar sempre com cena aberta. Se vc tiver acesso a filtros, utilize os UV que darão tons azuis espetaculares ao céu.


07- Fique atento a linha do horizonte. A aeronave é instável, se move muito. Então é fundamental um jogo de cintura para manter a cena sempre reta e paralela a linha do horizonte. Isso é primordial, fundamental e imprescindível. Cenas com horizontes tortos
são cenas perdidas. Cinegrafistas inexperientes acabam no meio da jornada esquecendo este item e tem seus trabalhos totalmente perdidos.


08- Arrasto de Pá. Outra surpresa que é descoberta depois que as imagens serão assistidas. Elas são imperceptíveis a olho nu e pelo view-finder. Mas depois aparecem como um efeito de strobe nas cenas. Esses arrastos do deslocamento do ar pelas pás da aeronave atingem o campo visual da metade para cima. Então se lembre de sempre estar apontado com a câmera para baixo.


09- Conheça o tipo de aeronave. Esquilo ou Bell possuem rotor curto e três pás, o que ajuda muito na estabilidade e na parada no ar. Se for um modelo Robinson complica mais pois essas aeronaves tem o rotor longo que gera muita vibração, além de possuir 2 pás.

10- Existem movimentos de câmera que são maravilhosos mas que podem ter consequencias graves. Um exemplo é de cena onde haja ponte ou viaduto em que o helicóptero vai surgindo de baixo para cima, desvendando o tráfego sobre ela. Pode acontecer de algum motorista se assustar e acontecer algum acidente. Outra é passar próximo ou entre prédios. Se houver uma rajada repentina de ar, aí a queda é quase que um prêmio de consolação. Foi o que quase aconteceu com um parceiro que fazia aéreas para uma imobiliária. Portanto, evite esse tipo de cena e deixe elas para Hollywood!




No mais aproveite o voo, procure deixar a câmera em REC para utilizar as melhores cenas na edição. Grave inclusive a decolagem. E depois não se esqueça de nos contar como foi sua estréia.
Eu, uma GoPro que foi fixada na frente da aeronave e uma NX5. Quanto mais câmeras, melhor.
Gravação aérea feita por mim e o cinegrafista Alex para um novo cerimonial

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