MATÉRIAS

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

CARTÃO DE MEMÓRIA - É SEGURO OU NÃO

Existem uma infinidade de marcas no mercado. Consulte o manual de seu equipamento antes de comprar.


A perda de dados ou arquivos corrompidos pode ser o grande tiro no pé de quem investe todas as suas fichas em cartões de memória. Isso é novo para os cinegrafistas porém fotógrafos já tem uma larga experiência neste quesito e cada um sempre tem uma história de terror, sufoco ou aperto quando se fala sobre cartões.
Com a alta tecnologia de hoje jamais se pensaria em perda de dados. Era pra ser coisa do passado. Mas não é. Através de uma pesquisa encomendada pela fabricante Delkin para o mercado norte-americano e japonês, descobriu-se que mais de 90% das falhas de memória são o resultado de erro humano e que podem ser evitados! 

Perda de dados ou arquivos corrompidos geralmente acontecem por puro desleixo nosso, tais como trabalhar com baterias em nível crítico de carga, ejetar o cartão da câmera ou do computador enquanto o host está acessando os dados e até a queda deles no chão. Para evitar essa situação, NUNCA retire o cartão da câmera durante a transferência em processo. Muito menos desligar a câmera durante uma gravação. Quando o LCD apresentar o último marcador de energia da bateria, não perca tempo. Dê stop na gravação, desligue a câmera e troque imediatamente a bateria.


Sony Z7 e seu gravador de CF
Problemas e insegurança
Provei desse amargo sabor em uma produção, super importante que fizemos para uma multinacional. A empresa contratou uma equipe de trabalho de 20 pessoas onde estaríamos gravando, em duas câmeras simultâneas (plano aberto e detalhe) um procedimento tecnico industrial em campo aberto. Cada ação da equipe não poderia ser repetida, portanto não haveria espaço para erros tanto deles como da minha equipe. E foi tudo certo até o final do dia. Inclusive checamos todas as imagens dos cartões e tudo ficou excelente. Mas aí que aconteceu o grande erro. Cada câmera gravou em 01 cartão de 32Gb. Após a conferência das imagens em um dos cartões, o editor simplesmente puxou o cartão do drive sem solicitar a ejeção do mesmo. Descobrimos isso no outro dia na hora de descarregar as imagens no iMac. Simplesmente o cartão dava erro de acesso. E aí começou o desespero. Montar toda estrutura e regravar era impossível. Assim começou uma pesquisa desesperada atrás de solução, através da web, sites de fabricantes e com meu grande amigo Marcus da Merlin Vídeo de Campinas (fui seu professor em um curso tempos atrás e ele foi meu mestre neste momento de aflição).

Notem que a falha foi humana, dentro dos 90% da pesquisa da Delkin. Não foi falha mecânica ou de fabricação do cartão. Bom, o resultado foi o resgate de todos os arquivos depois que comprei um programa por U$49. Barato pelo tamanho que poderia ser o prejuizo.


Minimizando eventuais problemas

DICA DE OURO DO BLOG: JAMAIS FORMATE O CARTÃO DA CÂMERA NO PC. A FORMATAÇÃO DEVE SEMPRE SER FEITA NA PRÓPRIA CÂMERA.


Já que 90% dos problemas são causados pelo operador, nada como se minimizar os 20% restantes gravando antecipadamente cartões novos como forma de teste. Grave, apague, formate, grave denovo e fique seguro de que durante um evento você não vai ficar na mão. E se “seguro morreu de velho”, você pode configurar a câmera para gravar back-ups. Na linha Z5 e Z7 da Sony pode-se gravar simultâneamente em cartão e fita. Na linha AX e NX da Sony e também na linha HMC da Panasonic, pode-se acoplar um hard-disk de back-up, porém esses equivalem a metade do preço da câmera. Um investimento que deve ser pensado.

Então compreender e evitar a causa de falhas nos cartões de  memória irá eliminar a grande frustração de se descobrir que arquivos gravados foram perdidos. E deixar os 20% restantes por conta de erros dos fabricantes. E também passei por essa experiência. Ao me dirigir para uma coletiva com o Governador do estado, minutos antes do início do evento, abri um cartão novinho e coloquei na câmera, sem testar. Quando o Governador subiu ao palanque, liguei a câmera e dei rec. O cartão apresentou falha, deu error disk e me deixou desesperado. Peguei outro cartão, agora usado e bom, coloquei na câmera e o erro continuou. Tirei o cartão e fui desligar a câmera. Simplesmente ela deu pau. Não desligava! E o Governador já estava falando.
Aí me veio a idéia de arrancar a bateria da câmera e dar um boot nela. E aí deu certo. Coloquei o segundo cartão que era usado e ela funcionou normalmente. Com mais calma na produtora testei o cartão novo e constatei que o mesmo veio com defeito. A loja trocou por outro sem problema algum.

Informações importantes
Muitos cartões de memória CompactFlash têm um número seguido por um "X" (ou seja, 24X, 40X, 133X) que aparecem no rótulo de embalagem ou no cartão. Esta classificação X é usada para determinar a "rapidez" com que os dados são transferidos do cartão para um drive de armazenamento.
Infelizmente, como não existe uma padronização baseada em lei (igual ao contraste de imagens nas telas de LCD) a velocidade do cartão pode ser estampada no produto com alguns números a mais, não mostrando a informação verdadeira. A classificação X pode ser confusa para o consumidor uma vez que existem muitos fatores para medir a velocidade do cartão de memória de uma câmera que a classificação X não aborda.

Sistema FAT e FAT32 
O sistema operacional de arquivos usado por todas as câmeras digitais que aceitam cartões de armazenamento de mídia é FAT. FAT é a abreviatura de tabela de alocação de arquivos, o que em si é um dos elementos-chave no sistema de arquivos FAT. O sistema de arquivos mantém o rastro de onde cada imagem é armazenada no cartão. Um sistema de arquivos FAT é aplicada pela formatação do cartão de memória. Durante o processo de formatação, os componentes do sistema de arquivo - File Allocation Table, Master Boot Record e muito mais - são adicionados à placa de área de armazenamento de dados, com efeito a preparar o cartão para receber os dados de sua câmera digital. Há duas versões do sistema FAT, que são usados. Há FAT16 e FAT32. Para capacidades que variam entre 16Mb e 2Gb, as câmeras digitais usam cartões formatados no sistema de arquivos FAT16. É chamado FAT16, pois ele usa os números de 16 bits para os locais de referência onde os dados são armazenados no cartão. Todas as câmeras atuais são compatíveis com FAT16.

Infelizmente o FAT16 não foi projetado para monitorar arquivos em mídia maior que 2.2Gb. Para qualquer cartão de memória flash maior que 2.2GB, o sistema de arquivos FAT32 deverá ser aplicado para aproveitar a capacidade total do cartão. FAT32 usa números de 32 bits para indicar onde os pedaços de um arquivo são armazenados. Como resultado, o FAT32 suporta mídia de até 2 terabytes (Tb) de tamanho.

É importante compreender que qualquer cartão com uma capacidade de mais de 2Gb só será totalmente compatível com câmeras que explicitamente suportem o FAT32 (muitos não), e que seu computador pode travar ao tentar copiar imagens de um cartão maior que 2Gb e que tenha sido formatado como FAT16 (o que é possível, embora você só tem acesso a um máximo de cerca de 2GB de capacidade real do cartão).

É importante entender que existem diferentes níveis de compatibilidade entre as atuais câmeras compatíveis com o FAT32. Embora qualquer câmera que afirma ser capaz de reconhecer o sistema FAT32 e ler e gravar em um cartão formatado em FAT32 sem incidentes, algumas podem não reconhecer cartões com mais de 2GB, que são completamente formatados. Por exemplo, o FAT32 compatível com Canon EOS-1Ds irá formatar FAT16 qualquer cartão que não está formatado, ainda maiores que 2Gb. Já a filmadora Sony HVR Z7 irá formatar automaticamente os cartões CF em FAT32. Mas terão dificuldades de gravação em cartões já formatados em FAT16. Coisa de louco!

Com os cartões de memória que tem uma capacidade superior a 2.2Gb (capacidades de 4Gb e 8Gb), a câmera terá de oferecer suporte a partições FAT32. Neste caso consulte o manual do usuário da câmera para ver a indicação de capacidades e velocidades de memória ou limitações da mesma. Dessa forma você evita que todo o problema de imcompatibilidade seja culpa do cartão. Lembre-se que em 90% dos problemas os vilões somos nós.

Outra dica importante que aprendi na base da pancada. Ao usar um cartão em uma câmera, e depois tentar usá-lo em uma segunda câmera, mesmo que de mesma marca e modêlo, formate-o na hora. Sem a reformatação poderão ocorrer complicações tais como o corrompimento ou perda total dos dados. Ou até a terrível mensagem de error disk.

Conclusão
Eu diria que cartões de memória são 99% confiáveis, desde que você não cometa erros de operação e teste cada um quando chegar novinho da loja. E principalmente que, ao descarregar no PC, teste os arquivos para ver se não foram corrompidos com a transferência e depois duplique os dados em outro drive, nunca o mesmo. Aí sim você poderá apagar o cartão com total tranquilidade e usá-lo novamente. E se for usar em outra câmera, mesmo idêntica, formatá-lo antes de apertar o rec.


Agradecimento especial ao Marcus Denadai da Merlin Vídeo, meu ex-aluno, amigo e irmão que se prontificou a salvar os dados do cartão que quase perdi. Sua ajuda foi fundamental.
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